sexta-feira, 10 de abril de 2009

Conceitos e Ambições

Você nasce, cresce, sonha, almeja e nada vai acontecendo... O pior é que não se sonha sozinho. Há uma espectativa de outrem em relação à nossa idividualidade. Nossos pais sonham, nossos amigos sonham, e no final devemos corresponder a expectativa de todos. Devemos?
65 anos de expectativa não é muito tempo para a Ciência evolutiva que trata de milhares e bilhares de anos. 65! A qualidade de vida pode nos fornecer pouco mais que isso. E passamos mais da metade, almejando, planejando, querendo. Raramente executando.
Minha vida vai acabar um dia, a sua também. Outras pessoas ocuparão os lugares que ocupamos agora. É tempo de perceber as coisas simples que nos fazem bem e correr atrás delas. Frustro-me ao perceber o quão importante foi o tempo que perdi buscando ser financeiramente bem-sucedido, ou depositando minha felicidade nas mãos de outras pessoas.
As opções me puseram em dúvida, a maioria das profissões me são acessíveis. O problema é que eu não sou acessível a elas. Mais uma incoerência. O Universo brincou com o meu ser ao me fazer incoerente. A última escolha e a última atitude em relação ao meu papel social começam a fracassar. De novo! Sinto-me morrer a cada dia em que me levanto e tenho como objetivo único os vultosos quinhões que me esperam no fim de algum mês futuro.
Fosse a única perturbação, ainda me sentiria um cidadão comum. Não obstante a busca insesante pelo status social e pela obtençao de bens materiais, a necessidades da companhia sexual e emotiva fixa me fez, por alguns anos, perder-me de mim e dos meus.
Pois bem, diagnostiquei o câncer que deteve meu sorriso amarelado até que me encontrasse, que me desejasse, que me percebesse e me dedicasse à mim mesmo. Perdi-me dos meus anseios, dos meus desejos, das minhas ambições. Não quero uma casa no campo, mas quero meu espaço, o meu quadrado, apenas. Quero enfileirar meus livros à minha maneira sem que ninguém me perturbe pelo gostar de tais objetos. Quero ouvir as minhas músicas e visitar os meus lugares quando me convier. Quero oferecer o apreço, dedicação e carinho a quem precisa e merece (é o mais importante) sem precisar mendigar atenção para me aproximar de quem se diz próximo.
E a partir daí, no momento em que existir, perceber as pessoas que me apetecem, que me completam, que sempre estiveram ao meu lado e as que nunca estiveram, mas que o Universo criou como completude para esse pequeno ser que aqui escreve. E nenhum esforço mais será necessário para esbranquiçar o meu sorriso.

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